domingo, 27 de setembro de 2015

Segundo estudo, liderança está cada vez menos nas mãos do presidente.

A quarta edição do estudo anual Ketchum Leadership Communication Monitor (KLCM), realizado pela empresa global de comunicação Ketchum, entrevistou 6.029 pessoas em 12 países e revela que as pessoas estão considerando funcionários de todos os níveis para cargos de liderança, em vez de somente aqueles do topo da hierarquia. Segundo o levantamento, 41% dos entrevistados acreditam que a liderança deve vir, principalmente, da empresa e de todos os seus colaboradores, enquanto 25% entendem que a liderança deve vir apenas do CEO.
Essa conclusão corrobora com três anos de dados do KLCM, que mostram o fim do estilo celebridade de liderança do CEO e ressalta a grande oportunidade para o conceito “leadership by all”: uma cultura corporativa colaborativa e comunicativa que delega poderes aos colaboradores de todos os níveis.
Apesar de o CEO, o conselho e a diretoria ainda terem papel importante, o estudo sugere que os colaboradores, por toda a empresa, podem e devem liderar.
A pesquisa identificou as cinco características principais de um líder eficiente: liderar pelo exemplo (63%), comunicar-se de maneira aberta e transparente (61%), admitir seus erros (59%), trazer à tona o que os outros têm de melhor (58%) e lidar com temas controversos ou crises de maneira calma e confiante (58%). Essas são características que todo CEO deveria possuir, mas também são aquelas que qualquer bom colaborador deveria ter.
A ascensão do líder de todos os níveis hierárquicos
A liderança está cada vez menos nas mãos dos presidentes das empresas.
Para 40% dos brasileiros, a liderança deve partir de todos dentro das empresas, enquanto 26% acreditam que ela deve vir do CEO. A opinião dos brasileiros não destoa da global, que apresenta números semelhantes. Será que o monopólio da liderança nas mãos do chefe está com os dias contados?
Atuação dos líderes políticos desagrada aos brasileiros
Em plena crise política e econômica, 79% dos brasileiros acreditam que a atuação dos políticos do país está abaixo de suas expectativas.
A pesquisa revela também que apenas 2% dos brasileiros acham que seus líderes políticos assumem as responsabilidades inerentes a seus cargos. No entanto, 23% dos brasileiros acreditam que os políticos do país exercem uma liderança efetiva, oito pontos percentuais acima da pesquisa do ano passado. O índice daqueles que têm pouca confiança nos líderes em geral aumentou de 28% em 2014 para 32% este ano.
A pesquisa constatou ainda que 28% dos brasileiros confiam nos líderes de negócios, contra 12% que acreditam nas lideranças políticas.
Comunicação aberta e transparente continua a ser preponderante
Não basta ser líder, é muito importante que ele se comunique de maneira eficiente. Essa é a opinião de 76% dos brasileiros ouvidos pelo estudo. A pesquisa revela ainda que, apesar da importância de comunicar-se com eficiência, apenas 19% dos líderes brasileiros conseguem atingir esse objetivo. Os mais bem avaliados foram os líderes de negócios e, na outra ponta, ficaram os políticos brasileiros.
Ele lidera, ela lidera
Enquanto as mulheres são encorajadas a assumir posições de liderança no local de trabalho, o diálogo mundial acerca das diferenças entre os gêneros e a diversidade continua.
O estudo deste ano mostra um movimento maior na direção dos líderes do sexo masculino, com 61% dos entrevistados enxergando esses líderes como os melhores para lidar com as rápidas mudanças no mundo nos próximos cinco anos. O número é sete pontos maior que o de 2014, quando 54% acreditavam que os homens eram os melhores para lidar com a situação. Em países como China, Cingapura e Emirados Árabes Unidos, a confiança nos líderes do sexo masculino é ainda maior. No Brasil, também houve aumento dos números de confiança nos líderes do sexo masculino em relação a 2014: de 43% para 51%.
Em contrapartida, a pesquisa global revela que as líderes do sexo feminino são as que melhor demonstram três das cinco qualidades mais importantes de um líder eficiente: comunicar-se de maneira aberta e transparente, admitir erros e trazer à tona o que os outros têm de melhor. No Brasil, a vantagem feminina é ainda maior: para os brasileiros, elas contam com quatro das cinco qualidades mais importantes para um líder: comunicar-se de maneira aberta e transparente, admitir erros, respeitar a cultura da empresa e liderar a partir de valores claros.
Esses resultados contraditórios – de que mulheres contam com as melhores qualidades de um líder, mas os homens são melhores para lidar com os desafios dos próximos anos – mostram o debate acerca do tema “líderes mulheres ou homens”. Esse é um assunto complexo e sujeito a estereótipos.
O que torna uma empresa líder?
Para os brasileiros, a qualidade dos serviços, a confiabilidade, o bom atendimento e o respeito ao consumidor são as principais qualidades de uma empresa líder no mercado. A pesquisa deste ano aponta ainda a responsabilidade social, as práticas éticas nos negócios e o foco no cliente como outros atributos muito importantes para a empresa que almeja conquistar o mercado.
A pesquisa também revela que, para os brasileiros, os melhores canais para uma empresa atingir o consumidor são o website corporativo, as entrevistas na televisão com líderes corporativos e os comunicados de imprensa.
Mídia brasileira é a que melhor enfrenta as situações de crise
A mídia brasileira é a que tem lidado melhor com situações de crise, como Copa do Mundo, eleições e o desempenho da economia. Segundo a pesquisa, os brasileiros consideram os políticos como aqueles que atuaram de maneira menos satisfatória nessas situações. Os entrevistados também consideram satisfatória a atuação das ONGs, das lideranças religiosas e das empresas nessas crises.
Online, a pesquisa foi realizada de 13 de fevereiro a 20 de março e contou com a participação, além do Brasil, dos Estados Unidos, do Reino Unido, da França, Alemanha, Espanha, Canadá, China, Cingapura, Índia, Emirados Árabes e África do Sul. A margem global de erro é 1,3% para cima ou para baixo. A pesquisa explorou a opinião dos respondentes sobre diferentes categorias de líder (empresariais, políticos, comunitários, do terceiro setor e sindicais/trabalhistas) e 22 setores da indústria. A coleta de dados foi realizada pela Ipsos Observer.
Fonte: ABRH Brasil, 16.09.2015

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