É bastante realista a estimativa de que a recessão em curso pode cortar de 1,2 milhão a 1,6 milhão de postos de trabalho em 2015, como prevê estudo da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). O cálculo praticamente coincide com o que vem sendo feito por consultorias privadas, que preveem uma redução de, pelo menos, 1 milhão de empregos este ano.
De fato, os números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego, mostram que, nos últimos 12 meses até julho, exatamente 778.731 trabalhadores com carteira assinada perderam o emprego. Assim, bastaria que cerca de 100 mil pessoas por mês, em média, sejam despedidas nos últimos cinco meses do ano para chegar a uma soma próxima à projetada pela Firjan.
Na realidade, essa é uma perspectiva que parece otimista se se lembrar que, em julho, foram demitidos 157.905 empregados no mercado formal. Pode haver um maior número de contratações no fim do ano, em caráter temporário, para atender a um certo aquecimento da demanda, mas não há expectativa de melhora do mercado de trabalho.
Só em seis grandes setores da indústria de transformação a previsão é de fechamento de mais de 610 mil vagas até o fim deste ano, mais que o triplo do número de demitidos em 2014 (200 mil). Fortemente atingidos têm sido também a construção civil, com perda 25 mil postos de trabalho no primeiro semestre, o comércio e a área de serviços.
O desemprego vem se elevando mesmo em setores que exigem um certo grau de especialização e de experiência, nos quais as empresas evitam dispensar profissionais mais preparados. Apesar do alto custo das demissões, “o setor privado segurou o quanto pôde as demissões, que começaram a aparecer de forma generalizada”, como disse o economista Marcelo de Ávila, que coordenou o trabalho da Firjan. A persistência dos problemas no setor industrial, porém, forçou a demissão também do pessoal mais treinado. Ávila acrescentou que não vê nenhum sinal de melhora a curto prazo.
O estudo estima que, em 2015, deve ocorrer uma contração de 3% a 4% da força de trabalho existente no fim do ano passado, uma porcentagem igual ou superior à de 1998, quando houve um recuo de 3%. Isso significa que uma parte significativa do contingente de empregos criados nos últimos anos, possibilitando a ascensão da chamada classe C, será perdida neste ano.
Fonte: O Estado de São Paulo, 23.09.2015
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