sábado, 23 de abril de 2016

Mulheres e minorias são penalizadas quando promovem diversidade.

Apesar do recorrente discurso nas empresas de valorização da diversidade, executivos mulheres e membros de minorias que atuam para promover a inclusão dentro das suas organizações acabam sendo penalizados em avaliações de desempenho.
A conclusão é de um estudo de professores dos EUA e da Cingapura, publicado no “Academy of Management Journal”. Para investigar mais a fundo as razões da pouca representação de mulheres e membros de minorias raciais dos EUA, como negros e latinos, nos cargos mais altos das companhias, os pesquisadores analisaram se gestores que adotam um comportamento de promoção da diversidade dentro são penalizados por agir dessa forma.
Em um experimento, os professores avaliaram se 350 executivos possuíam esse tipo de comportamento – por exemplo, se eles demonstravam respeito a diferenças culturais, religiosas, de gênero e raça ou se sentiam confortáveis gerindo profissionais com origens e formações diversas. A definição de “diversidade” usada pelos autores foi uma presença de mulheres na casa dos 50% e de pessoas de raças diferentes na mesma proporção encontrada na região da empresa. Eles então compararam esses resultados às avaliações 360° dos mesmos profissionais, levando em conta, principalmente, a opinião de seus superiores.
Ter um comportamento de promoção a diversidade dentro das empresas não beneficiou os profissionais avaliados. No caso de executivos homens brancos, isso não impactou as notas dadas pelos superiores. Já gestores mulheres e/ou de minorias raciais tiveram avaliações piores de seus chefes quando apresentaram esse comportamento.
Em um segundo experimento, os professores pediram a 307 participantes que avaliassem o trabalho de gerentes fictícios. As mulheres e/ou membros de minorias que tomaram decisões como contratar outra mulher ou membro da mesma minoria foram avaliados pelos participantes como menos eficientes. Já os gerentes homens e brancos tiveram avaliações similares indepentendemente de quem decidiam contratar. Segundo os autores, todos são julgados mais severamente quando contrataram pessoas que se pareciam com eles – menos homens brancos.
Na opinião de David Hekman, professor da Leeds School of Business, da Universidade do Colorado, e um dos autores do estudo, os resultados são atribuídos, principalmente, a preconceitos inconscientes que fazem com que, por exemplo, profissionais mulheres que pareçam valorizar mais o trabalho de outras mulheres sejam esteriotipadas e vistas como menos competentes. Para ele, as empresas que quiserem, de fato, promover mais diversidade em seus quadros precisam conscientizar seus profissionais que esses tipos de julgamento existem, e que muitas vezes eles acontecem de forma involuntária. “Estar ciente desse tipo de preconceito pode ajudar muito para acabar com ele”, diz.
Fonte: Valor Econômico, por Letícia Arcoverde, 08.04.2016

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