domingo, 23 de agosto de 2015

Mais empresas adotam diversão no escritório como Google e Facebook.

Os escritórios da Alterra LLC abrigam uma quadra de basquete oficial, um simulador TruGolf e uma televisão de 90 polegadas permanentemente ligada no canal ESPN. Trailers de comida aparecem todo mês para oferecer almoço aos funcionários e as geladeiras da empresa estão repletas de garrafas de água da marca Propel, que afirma conter antioxidantes e vitaminas.
A Alterra não fabrica software, chips de computadores ou carros que dispensam motoristas. A empresa de Provo, no Estado americano de Utah, vende serviços de controle de pragas. Mas seus gestores querem que os funcionários sintam-se tão mimados como qualquer um do Vale do Silício.
“O Google da indústria de pragas pode ser uma boa comparação”, diz Garret Swenson, gerente de vendas de 30 anos. “Isso me faz sentir como se eu estivesse na melhor empresa de combate a pragas que existe.”
Para tentar crescer rapidamente, algumas empresas estão copiando as práticas de trabalho — e os benefícios generosos — de potências de tecnologia como o Google Inc. e o Facebook Inc.
Em setores tão variados como seguros e financiamento de veículos, os gestores estão investindo milhões em melhorias no escritório e amenidades como comida grátis e férias gratuitas, afirmando que tais ofertas elevam a atratividade de empregos em setores sem glamour, ajudando a recrutar pessoas e a reter os funcionários com melhor desempenho.
Mais de 11% das empresas que fazem gestão de resíduos fornecem salgadinhos e bebidas grátis para os funcionários, segundo dados de 2013 da Sociedade para Administração de Recursos Humanos, e 16% das empresas de seguros oferecem serviços de lavanderia a seco.
Os empregadores começaram a prestar mais atenção aos seus locais de trabalho nos últimos dois anos, diz John Bremen, diretor administrativo da consultoria de recursos humanos Towers Watson. Ele já viu quadras de squash e piscinas com raias em algumas empresas e, em um banco, áreas de descanso para os funcionários, mobiliadas com sofás e música relaxante — algo que não aconteceria há 10 anos.
“Nós nunca vimos salas para descanso”, diz ele.
O diretor-presidente da Alterra, David Royce, diz que os escritos de Tony Hsieh, diretor-presidente da Zappos.com Inc., levou seu foco para a felicidade do funcionário, o que Hsieh alega afirma que gera sucesso corporativo.
Royce diz que ele investe agora todo ano mais de 10% do lucro da Alterra em comida, eventos e amenidades e afirma que está valendo a pena. Os empregados que vieram das empresas concorrentes aumentam suas vendas em 70% no primeiro ano completo na Alterra e 96% permanecem na empresa pelo menos por outro ano inteiro, segundo o executivo.
Há tempos as gigantes de tecnologia já usam locais de trabalho fantásticos e oferecem benefícios generosos para impressionar novatos e se diferenciar dos escritórios corporativos tradicionais. Os designers de ambientes de trabalho como Primo Orpilla, cuja empresa, o Studio O+A, criou escritórios para o Uber Technologies Inc. e o Yelp Inc., dizem que estão sendo procurados por companhias de finanças e empreiteiras para criarem amenidades atrativas — mesmo com algumas empresas do Vale do Silício minimizando os efeitos dos toques excêntricos.
Scott Lesizza, fundador da WorkWell Partners, que vende móveis para escritórios, diz que cerca de metade dos clientes que encontra cita o Google como modelo para seu local de trabalho. Mas essas ambições diminuem quando ele revela os custos.
Por exemplo, os clientes amam uma estante falsa que se abre para revelar uma sala privativa — que o Google tem em seu escritório em Manhattan — até que eles descobrem que o custo pode chegar a cerca de US$ 40 mil, diz. Então, segundo Lesizza, os clientes dizem: “Nós queremos o local de trabalho do Google, mas não queremos gastar dinheiro como o Google”.
Laszlo Bock, diretor de contratação e de recursos humanos do Google, diz que algumas empresas podem não estar entendendo direito.
“O essencial para o Google não é o pufe ou a quadra de voleibol ou a academia interna”, diz ele. Se não vier acompanhada de transparência e senso de propósito, diz, os benefícios contam pouco para gerar confiança dos funcionários pela administração.
As tendências de gestão “são um pouco como as dietas da moda”, diz Eric Abrahamson, professor de administração da Faculdade de Administração Columbia. As empresas estão tentando copiar companhias de sucesso, como a General Electric Co., de Jack Welch, ou a Apple Inc., sob o comando de Steve Jobs, frequentemente cometendo o erro de se concentrar nos produtos de uma organização de sucesso —– pense em mesas de pingue-pongue e comida grátis — em vez das causas subjacentes, diz ele.
Mesmo assim, as chefias insistem que seus esforços estão elevando as receitas, reduzindo custos de recrutamento e impulsionando a produtividade.
Asher Raphael, um dos diretores-presidentes da Power Home Remodeling Group LLC, diz que a companhia de reforma de casas está indo “de vento em popa” depois de ter começado em um lugar pequeno com uma máquina automática de vendas em 2003. Agora, a empresa gasta mais de US$ 4 milhões todos os anos em benefícios para os empregados.
Esse dinheiro paga, por exemplo, uma viagem anual para todos os 1.550 empregados e seus convidados a um resort em Cancún, no México, com shows de artistas como o rapper Snoop Dogg, assim como paga uma “parede viva” coberta de plantas instalada no escritório de Chester, no Estado americano da Pensilvânia. “As pessoas se importam com essas coisas”, diz Raphael.
Fonte: The Wall Street Journal, por Rachel Feintzeig, 18.08.2015

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