terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Pensar em flexibilidade trabalhista vai além de um escritório divertido e do home office.

Quantas vezes na vida você já sentiu-se insatisfeito com o seu trabalho? Quantas vezes pensou que não poderia aguentar, por nem mais um dia, a rotina de acordar cedo, enfrentar trânsito cheio e transporte público lotado, passar oito horas dentro de um escritório, ansiosamente esperando aquele momento em que poderá desligar o computador e voltar para casa? Falar em exaustão no trabalho pode soar até como um clichê, tendo em vista o quanto essa situação é comum no mundo inteiro.
O ponto que quero discutir não se limita apenas a constatar a frequência desse cansaço geral, mas entender algumas situações paradoxais que hoje existem no ambiente de trabalho. Em discurso sobre o tema, o CEO da Microsoft na Inglaterra, Dave Coplin, destaca uma reflexão quando pensamos hoje na forma como a tecnologia pode atrapalhar a produtividade.
Ora, se passamos uma grande parte do dia na mesma rotina de encarar um escritório, o tédio certamente poderá desviar nossa atenção para o que acontece nas redes sociais. Pense na quantidade de tempo que você gasta por dia conferindo vídeos, textos ou mesmo fazendo reflexões no facebook e outras redes sociais. Isso não deveria ser encarado como tempo perdido, afinal, entre bobagens e conteúdo realmente relevante, temos ali ferramentas capazes de ajudar no processo criativo.
A grande questão é que, se por um lado a tecnologia está nos conectando e permitindo o compartilhamento de ideias diversas o tempo inteiro, nós ainda nos encontramos atrelados a um modelo que busca produtividade que está espelhado no passado. A rotina sisuda do escritório e do emprego formal está baseada no processo de industrialização do século 19, em que a prioridade era padronizar processos para melhorar resultados. Essa fórmula já não funciona mais.
Há tempos que o debate sobre flexibilidade profissional vem ganhando força, mas é preciso fazer mais do que criar ambientes de trabalho divertidos, horários variáveis ou mesmo possibilitar o home office. Estamos ainda no processo de entender essas mudanças como um modo de aprimorar o que produzimos profissionalmente.
Coplin cita um estudo britânico, o qual aponta que quase 73% da força de trabalho na Inglaterra não acredita que trabalhadores serão tão produtivos em casa como seriam no escritório. Tanto empregadores quanto empregados ainda se sustentam pela lógica do controle e monitoramento constante. O ato não supervisionar e nem ser supervisionado gera tensão em ambas as partes. Ele comenta ainda o dado de que um a cada três trabalhadores britânicos que trabalham em esquema de home office sentem-se culpados por não estarem no escritório e se esforçam além do necessário para serem notados.
Se vivemos em um tempo em que as possibilidades de interação e de obter informações são tão amplas, é preciso refletir sobre modelos de trabalho que acompanhem este movimento. Estamos dando os primeiros passos, mas é necessário que comecemos a encarar as mudanças no ambiente profissional e no modo de trabalhar de uma forma mais receptiva e menos receosa.

Fonte: G1, por Samy Dana, 17.01.2016

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