quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Tecnologias e geração Y exigem maior antecipação.

Há alguns anos, o setor de recursos humanos vem sendo cobrado a assumir uma posição mais estratégica dentro dos negócios das empresas. No entanto, estar alinhado aos objetivos das corporações parece não ser mais suficiente. Os profissionais estão precisando se antecipar às novas tendências, abrindo espaço ao que vem sendo chamado de RH Visionário.
“Hoje, o pessoal de recursos humanos precisa estar antenado com tudo ao redor, especialmente com a chegada das novas gerações e o avanço das tecnologias, que estão impactando as organizações”, explica a CEO da consultoria de educação corporativa Academia da Estratégia (Acad), Graziela Moreno. Segundo ela, diferentemente do RH Estratégico, o RH Visionário está mais ligado ao comportamento das pessoas nas organizações e visa enxergar aonde aquilo vai dar. “Pesquisas mostram o impacto da tecnologia, de redes sociais e da entrada das novas gerações nas corporações e que indicam que o RH além de olhar para dentro precisa, principalmente, olhar para fora”, explica a especialista.
Essa mudança na forma de pensar e agir exigirá maior capacitação do pessoal do RH e muitos podem não estar preparados. “Mas a adaptação à nova realidade não pode mais demorar, sob pena de atropelar as empresas que não estiverem prontas.”
De acordo com Graziela, as novas gerações são muito mais rápidas, não respeitam hierarquias e usam a tecnologia de forma natural e intuitiva, o que exige mais das empresas no que diz respeito às diretrizes e, principalmente, ao engajamento do pessoal. Um exemplo dessa dificuldade é o home office. Como conseguir um engajamento de um profissional que não está nem dentro da companhia? “É preciso ter um olhar adiante para antecipar os rumos. Se não for bem estruturado, não vai se obter bons resultados do trabalho”, diz.
Ir além e antever tendências já é uma regra dentro da AON, líder mundial em gestão de riscos, corretagem de seguros e resseguros e consultoria em capital humano. Segundo a diretora de RH da empresa no Brasil, Márcia Evangelista Lourenço, ser visionário é ir além do simples administrar pessoas. “É preciso saber como elas estão inseridas no cenário da empresa. O que, no nosso caso [área de serviços], é fundamental, porque temos no mesmo grupo várias gerações misturadas”, explica a diretora.
Resultados
Com mais de 1,3 mil funcionários no País, a diretora de RH da AON diz que estar próxima de áreas cruciais, especialmente a financeira, ajuda a não só a responder às necessidades da empresa mas também gerar resultados, mostrando que o investimento em pessoas pode sim dar retorno como qualquer outro investimento da empresa. “Trabalhamos junto aos executivos para ajudá-los a administrar suas equipes e até a utilizar melhor tecnologias como WhatsApp,Yammer e LinkedIn, para ganhar agilidade sem correr riscos”, explica a diretora da multinacional norte-americana, presente em mais de 120 países.
Se antecipar, no entanto, não é prever problemas, de acordo com Márcia Lourenço, mas sim estar atento à realidade. Fruto desse trabalho foi a mudança que a companhia fez no planejamento dos colaboradores da empresa, que não tem mais plano de cargos e salários tradicional. Baseado nas competências, a empresa criou uma trilha de carreiras, onde o profissional pode antever seu caminho dentro e fora da companhia. “Hoje é possível prever quem vai se adaptar melhor a uma função e quem faz melhor outras, sem determinar um único caminho de evolução.”
Diante das mudanças não só do universo corporativo, mas da sociedade como um todo, uma das maiores consultorias mundiais, a Ernst Young (EY) criou a área People Advisory Services (PAS). A divisão é resultado da fusão entre as equipes de Human Capital e de práticas de Pessoas & Mudanças Organizacionais. Segundo a EY, o trabalho visa ajudar as companhias a elaborar estratégias de gestão de pessoas alinhadas às suas propostas de valor, mas se mantendo atraentes aos talentos.
“Percebemos como tem sido difícil para as organizações se adaptar aos novos tempos, diante de tantas mudanças, especialmente com a tecnologia”, explica o sócio da EY na PAS, Oliver Kamakura. Segundo ele, a empresa passou a estudar como poderia ajudar clientes a encontrar respostas para uma realidade mais colaborativa. “A forma foi organizar as capacidades dentro de um grupo para entregar soluções com foco nas mudanças. Isso inclui reunir na área engenheiros, técnicos e outros profissionais que ajudem a avaliar os problemas de diferentes ângulos trazendo soluções mais reais”, afirma.

Fonte: Diário do Comércio, Indústria e Serviços, por Anna França, 20.01.2016

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