segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Profissional com deficiência enfrenta dificuldades no trabalho, diz pesquisa.

Os profissionais com deficiência ainda enfrentam algum tipo de dificuldade no mercado de trabalho, mostrou pesquisa da Vagas.com e da Talento Incluir. Segundo o levantamento, 62% dos trabalhadores com deficiência disseram que já tiveram problemas. Desse percentual, a maioria reclamou de falta de oportunidade (66%). Em seguida estão: baixos salários (40%), ausência de plano de carreira (38%) e falta de acessibilidade (16%).
“Os três principais aspectos levantados mostram que as pessoas com deficiência almejam melhores condições de desenvolvimento profissional no mercado de trabalho, ficando à frente da questão de falta de acessibilidade”, avalia Rafael Urbano, coordenador da pesquisa na Vagas.com.
Quatro em cada dez pessoas com deficiência já sofreram algum tipo de discriminação no ambiente de trabalho. Desse total que admitiu ter sido discriminado, 57% disseram que foram vítimas de bullying. Outros 12% relataram encontrar dificuldades para serem promovidos, enquanto 9% contaram que já passaram por isolamento e rejeição do grupo.
“É um tipo de situação que ainda faz parte da realidade de muitas pessoas com deficiência. Apesar da Lei de Cotas completar 25 anos, tem muita gente que não sabe respeitar o profissional com deficiência. E isto está refletido em nossa pesquisa, infelizmente”, explica Urbano.
A pesquisa teve 4.319 respondentes, sendo a maioria homens (62%), solteiros (51%), sem filhos (56%) e empregados (52%).
Do total de participantes, 58% afirmaram possuir deficiência física, 26% auditiva, 19% visual, 7% intelectual e 9% pessoas reabilitadas pelo INSS.
RH distante
Para 58% dos respondentes, a área de recursos humanos não está preparada para contratar pessoas com deficiência. Questionados se a área de recursos humanos apoiou o profissional com deficiência em necessidades ligadas à deficiência, para 22%, houve apoio, 28% citaram que não houve apoio e 50% não precisaram de ajuda.
Daqueles que tiveram apoio, 14% disseram ter ajuda com adaptação do mobiliário/ equipamento e outros 14% tiveram atendimento como ajuda e a acessibilidade foi o apoio prestado a 12%.
Gestores
96% dos profissionais com deficiência acham importante que os gestores sejam treinados para trabalhar com as diferenças.
“Essa resposta é muito relevante, é com o gestor que a pessoa convive mais tempo, e é do gestor a responsabilidade de desenvolver o profissional com deficiência, as cobranças e a orientação de carreira, para que ele trilhe oportunidades dentro da organização. Por outro lado, muitos gestores têm dúvidas em relação à gestão de profissionais com deficiência, por não terem familiaridade com o tema. Levar informação e desenvolver esse líder para gerir pessoas com deficiência é necessário para o resultado do negócio”, afirma Tabata Contri, coordenadora da pesquisa pela Talento Incluir.
Maioria está há mais de 10 anos no mercado
Da base de consultados na pesquisa, 52% afirmaram estar empregados. De todos os respondentes, 53% disseram que estão há mais de 10 anos no mercado de trabalho e 60% informaram que já foram promovidos.
Ainda de acordo com a pesquisa, os profissionais com deficiência (PcDs) trabalharam, em média, em cinco empresas. E a maior parte (84%), nunca esteve afastada do trabalho por motivos relacionados à deficiência. “Isso mostra que esse profissional é comprometido e disposto a encarar desafios e adversidades em sua jornada de trabalho”, conta Urbano.
Do outro lado, os desempregados relataram que estão há menos de um ano fora do mercado (61%). Entre os motivos destacados para ficarem longe do trabalho estão: não me identifiquei com a empresa/ função (17%), salário (13%), ausência de plano de carreira (13%), problemas de saúde (9%), entre outros.
Também foi questionado aos profissionais com deficiência o que precisa ser melhorado em sua inserção no mercado. Para cerca de um terço (34%), as empresas precisam dar mais oportunidades para pessoas com deficiência, para 21% é necessário melhorar a qualificação dos próprios profissionais com deficiência para competirem igualmente com outros profissionais, e para 15% é necessáio ter uma aplicação mais efetiva da Lei de Cotas.

Fonte: G1, 18.08.2016

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