quarta-feira, 22 de março de 2017

Mais de 32 mil pessoas com deficiência mental possuem empregos formais no País.

Nesta terça-feira (21), dia Internacional da Síndrome de Down, o Ministério do Trabalho informou que 32.144 pessoas com deficiência mental ou intelectual ocupam postos de emprego formal no País. Os dados são da Relação Anual de Informações Sociais (Rais).
De acordo com o estudo, 25.332 pessoas com deficiência mental ou intelectual estavam formalmente empregadas no Brasil em 2013. O número subiu para 29.132 no ano seguinte e atingiu 32.144 em 2015, último período de dados disponíveis.
Essa evolução é resultado de um conjunto de fatores, entre os quais se destaca a gradativa queda do nível de preconceito na sociedade. O Rais não engloba dados específicos sobre os subtipos de deficiências, apenas grupos (física, visual, auditiva, mental/intelectual e múltipla).
Formação profissional
A aprendizagem profissional, prevista no artigo 429 da CLT, ainda é pouco utilizada para dar formação profissional às pessoas com deficiência. Existe um enorme contingente de pessoas com deficiência, passíveis de enquadramento na cota legal, e de segurados reabilitados pela Previdência Social, capaz de preencher várias vezes o atual número da cota. Essas são algumas das principais conclusões do “Diagnóstico quantitativo de pessoas com deficiência/reabilitados no Brasil”. O estudo inédito é produzido pelo Ministério do Trabalho.
Responsável pela aplicação da norma, a Secretaria de Inspeção do Trabalho do Ministério do Trabalho prioriza ações de fiscalização para a inclusão de pessoas com deficiência e reabilitados no mercado de trabalho.
Data
O dia 21 de março foi escolhido como dia Internacional da Síndrome de Down porque a síndrome é uma alteração genética do cromossomo 21, que deve ser formado por um par, mas, no caso de seus portadores, aparece com três exemplares (trissomia).
Oficialmente estabelecida em 2006, essa data tem por finalidade dar visibilidade ao tema, oferecendo informação correta e, portanto, reduzindo a origem do preconceito.
A Fundação Síndrome de Down explica que o problema não é classificado como doença e não deve ser tratada com tal. A síndrome não apresenta nenhuma barreira para o acesso ao código da linguagem, e seus portadores têm o direito de participação plena na sociedade, inclusive por meio do trabalho, essencial para a construção de uma identidade adulta.
Veja abaixo notícias em destaque sobre a inclusão de pessoas com Síndrome de Down no mercado de trabalho.
Portadores de Síndrome de Down são incluídos no mercado corporativo.

Em parceria com a Fundação Síndrome de Down, de Campinas, o Restaurante Vila Paraíso, no distrito de Joaquim Egídio, abriu suas portas para um projeto que tem como propósito a inclusão de pessoas com deficiências no mercado de trabalho. Desde o segundo semestre de 2016, dois jovens assistidos pela entidade passaram por estágios na casa por um período de três meses cada um. Outros serão recebidos ao longo deste ano. Durante o estágio, os jovens têm a oportunidade de conhecer o mundo corporativo, como responsabilidade de horário, bater o ponto, assumir responsabilidades no serviço e a conhecer o funcionamento dos negócios.
Essa experiência de inclusão social do Restaurante Vila Paraíso teve inicio com Gabriel Felipe Mariano, de 19 anos, jovem com deficiência intelectual e que, com poucos meses de trabalho, demonstrou que gosta da gastronomia e conseguiu um avanço social imprescindível, tendo atuado como auxiliar de cozinha.
Segundo a especialista em inclusão corporativa da Fundação Síndrome de Down, Renata Lellis, a ação de busca de parceiros, a fim de promover a iniciação ao trabalho das pessoas com alguma deficiência, foi batizada de Curso de Iniciação ao Trabalho (CIT) e tem colhido resultados positivos aos usuários da Fundação.
“Nós acolhemos as famílias na fundação e, de acordo com o estudo que fazemos caso a caso, identificamos quem já está apto para ter seu primeiro contato com o mundo corporativo. São identificadas as preferências e aptidões dos usuários da instituição, através de conversas feitas pela nossa equipe”, explica. “Após esta análise, é possível dar o primeiro passo na carreira que mais lhe é peculiar. A inserção nos estabelecimentos é realizada, primeiramente, por um período de três meses. Conversamos com os responsáveis do estabelecimento para analisarmos uma prorrogação do prazo ou ver se há a necessidade de trocarmos o local de trabalho. É muito importante receber esse feedback dos empresários para podermos dar sequência no trabalho de estágio e o usuário estar apto para ser registrado na CLT”, disse.
No período em que a pareceria é firmada, o usuário é avaliado nos quesitos de funcionalidade do trabalho, como assiduidade, compromisso com horários e responsabilidades peculiares a cada função, além do relacionamento com os colegas de trabalho.
Segundo o chef do Restaurante Vila Paraíso, Ricardo Barreira, os dois jovens se tornaram amigos de todo o pessoal que atua na cozinha. Além disso, houve o cuidado de nomear um integrante para acompanhar os dois jovens ao longo de seus estágios. “É muito legal ver a evolução deles na cozinha do restaurante. Nos primeiros dias, eles chegaram tímidos, falando pouco. Para nós é uma experiência incrível e os jovens estão cumprindo rigorosamente a tudo que se propuseram a fazer”, disse.
Para a gerente de marketing do Vila Paraíso, Fernanda Barreira, a experiência tem sido bastante positiva. “Ficamos encantados com o trabalho da Fundação. Nós ajudamos no crescimento profissional e eles nos ajudam também, com mais paciência, compreensão e coletividade no ambiente de trabalho”.
A Instituição
A Fundação Síndrome de Down, foi criada por três pais que enfrentaram dificuldades com a inclusão social de seus filhos, pessoas com Síndrome de Down. Ao batalharem para a evolução de seus filhos, eles decidiram criar a fundação para também auxiliar outros pais que enfrentam as mesmas situações que eles. A entidade atende 200 pessoas com alguma deficiência intelectual e tem no mercado corporativo 60 usuários do programa.
De acordo com Renata Lellis, o trabalho é muito mais complexo do que parece e exige um acompanhamento não só do usuário do programa, mas também da família.
“Quando nós os recebemos, percebemos que por muitas vezes, a família cria certa resistência em dar autonomia às pessoas que têm alguma deficiência intelectual. Nós atuamos com o propósito de quebrar essa barreira e mostrarmos que, mesmo com todos os desafios enfrentados, a vida pode ser cheia de conquistas. Todos têm a capacidade de alcançar seus objetivos e crescer como cidadão. A família tem uma importante participação no programa, mas prezamos pela autonomia. Quem decide o que quer fazer profissionalmente, e se aceita as condições de trabalho, é o próprio usuário. Este é um grande passo rumo à autonomia na tomada de decisões de cada um”, completou.
(publicado em: Exame.com, 21.03.2017)
‘Me deu vida’, diz homem com Síndrome de Down sobre 1º emprego.

Kássio é office boy. Descreve o trabalho de forma simples: “Eu carimbo os processos, tiro xerox”. Pode não ser o emprego dos sonhos para muita gente, mas, para ele, fez toda a diferença. Com Síndrome de Down, Kássio Vinícius Monteiro agora se sente mais confiante, mais forte e mais otimista. “Acho importante porque me deu vida. Me sinto útil”, afirmou. Nesta terça-feira (21), é celebrado o Dia Internacional da Síndrome de Down.
Aos 27 anos, Kássio conquistou o primeiro emprego, no Ministério Público da Paraíba (MPPB), por meio de uma parceria do órgão com a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae).
Hoje, já com 30 anos, ele avalia como tem crescido com a experiência. “Antes, só praticava esportes, frequentava a piscina e participava do grupo de dança. Gosto da Apae, mas o trabalho me motivou. Vi que eu era capaz de aprender mais. Estou muito feliz com o trabalho”, pontuou.
Além de uma oportunidade de crescimento pessoal, Kássio considera o trabalho como uma espécie de refúgio. “Eu sei que sou diferente, mas as pessoas olham muito pra mim. Isso me incomoda. Eu fico em silêncio. Mas no trabalho, não. No trabalho, eu me sinto bem, à vontade e tranquilo”, comentou.
A mãe de Kássio, Maria José Monteiro, explica que o filho não chegou a terminar os estudos, mas ainda frequenta a escola da Apae nos dias em que ele não vai para o MPPB. Para ela, a parceria foi primordial para Kássio. “Foi importantíssimo! Porque proporcionou crescimento pessoal e desenvolveu a mente dele”, comemorou.
‘Decidi superar’, diz adolescente albino e deficiente visual da Paraíba
Na Apae, Kássio e outras pessoas com deficiência têm apoio clínico, escolar, acompanhamento psicológico e ainda participa de atividades esportivas e culturais.
A diretora social da Apae, Rosália Araújo, coordena a parceria entre o órgão e a associação, que é uma ação de inclusão social dentro do projeto “MP para todos”. “Esta parceria dá oportunidades para nossos usuários serem reconhecidos dentro da sociedade, superando barreiras e promovendo a inclusão com responsabilidade”, ressaltou. Além de Kássio, outras três pessoas com deficiência trabalham na Procuradoria-Geral de Justiça graças a essa parceria.
Parcerias buscam inclusão
Na segunda-feira (20), o Ministério Público do Trabalho (MPT) firmou uma parceria com o Instituto Primeiro Olhar, uma Organização Não-governamental (ONG) que acompanha crianças com Síndrome de Down na primeira infância e também orienta as famílias.
Segundo a procuradora do Trabalho Andressa Coutinho, para contratar PCDs, as empresas podem procurar ONGs, a Fundação Centro Integrado de Apoio ao Portador de Deficiência (Funad) e instituições formadoras do Sistema S (Senai, Senac, etc.).
(Publicado em: G1, 21.03.2017)
Veja histórias inspiradoras de jovens com síndrome de Down no RS.
No Dia Internacional da Síndrome de Down trazemos duas histórias inspiradoras. São pessoas que não deixaram que a síndrome ou o preconceito ficassem no meio dos seus sonhos.
“Eu quero ajudar as pessoas, a melhorar tudo. O meu foco é nas crianças, de várias síndromes, doenças, e estou de braços abertos para tudo”, diz Luana de Moura, que aos 22 anos vê o objetivo de ser fisioterapeuta se aproximar cada vez mais.
O jaleco que ela veste com orgulho serve de inspiração. Pelos corredores da Clínica de Fisioterapia da Universidade de Santo Ângelo, no Rio Grande do Sul, as histórias das pessoas em busca de recuperação se encontram com as de superação, como a de Luana, que não fez da síndrome uma barreira.
“Tem que se apaixonar pelo que faz, pelo cuidado ao outro, e isso a gente nota que a Luana tem bastante, tem essa vontade, isso ajuda muito”, destaca a professora Darlene Bittencourt.

“A Luana é uma colega muito dedicada, persistente. Ela gosta de ajudar, e também a gente aprende muito com ela”, diz o acadêmico de enfermagem Leonardo Moreira.
“Com certeza eu vou montar uma clínica e cuidar dos meus próprios pacientes. As minhas mãos são muito talentosas. Já está decidido”, afirma Luana.
Profissão diferente, conquistas muito parecidas. Foi o sonho de estar no mercado de trabalho que fez a Andreia, o Anderson e a Cristiane se encontrarem em um frigorífico. Cada um dando o melhor no setor em que trabalha.
“Eu amo”, resume a auxiliar Cristiane Aires sobre o emprego.

Realização que começou a tomar forma dentro de uma Apae, o centro de referências para pessoas com deficiência intelectual e múltipla, que tem unidades espalhadas pelo Rio Grande do Sul.
Na Apae de Santo Ângelo, alunos são estimulados a buscar a independência. Em cada uma das fases de participação na instituição, eles buscam desenvolver sozinhos as atividades práticas e simples do dia a dia.
“Estamos trabalhando com as questões de informação, mudança de paradigmas, e estamos falando de uma sociedade que vive na igualdade dentro das diferenças. Humanizando as questões de educação, saúde, bem-estar, acessibilidade, estamos preparando um mundo melhor onde as pessoas possam viver em harmonia”, destaca a diretora pedagógica da Apae da cidade das Missões, Ângela Colla de Almeida.

Anderson durante o trabalho no frigorífico (Foto: Reprodução/RBS TV)

Andreia trabalha no frigorífico em Santo Ângelo (Foto: Reprodução/RBS TV)
(Publicado em: G1, por Gabriel Garcia, 21.03.2017)
‘Quero ser um grande gerente’, diz funcionário com síndrome de Down.

Todos os dias, o morador de Mogi das Cruzes, Ernani Alvim de Jesus, de 38 anos, sai de casa pela manhã e caminha até o seu local de trabalho. Sozinho. E cada passo dado sozinho, significa muito para ele, que tem síndrome de Down e consegue ser independente em vários aspectos.
A síndrome é causada pela presença de três cromossomos 21 em todas ou na maior parte das células da pessoa. Isso ocorre na hora da concepção da criança. As pessoas com síndrome de Down, ou trissomia do cromossomo 21, têm 47 cromossomos em suas células, em vez de 46, como a maior parte da população. Nesta terça-feira (21), é celebrado o Dia Internacional da Síndrome de Down.
Há três anos, Ernani é atendente em uma das unidades da rede de fast food, ficando responsável pela recepção dos clientes e limpeza do saguão. Mas Ernani sonha alto: quer ser gerente. E se depender do seu carisma e desenvoltura, o sonho não está longe de se tornar realidade.
O salão da lanchonete, onde ficam as mesas e o balcão de pedidos, é a área de domínio de Ernani. Ali ele é responsável por recepcionar os clientes que entram e saem, além de limpar as mesas, organizar as cadeiras e levar pedidos aos clientes. E ele não para. Quem vai até a unidade, em Brás Cubas, vê Ernani pulando de mesa em mesa para deixar tudo limpo e brilhando para o próximo cliente.
A experiência com o trabalho é tanta, que Ernani treina os funcionários novatos. “Explico para elas como tem que fazer, e ser simpático com os clientes. Tem que conversar com eles, perguntar se está tudo bem”, detalha.
E ele cativa. “Eu sempre venho comer aqui e encontro ele. Acho esse espaço que a empresa dá muito importante, porque as pessoas com deficiência são capazes de muitas coisas. Tudo é questão de ensinar e dar espaço. Minha esposa é professora, ela tem alunos especiais e sempre conta como se surpreende com essa experiência”, diz o analista de logística Luiz Henriques, que chegou cumprimentando Ernani como velhos conhecidos.
A auxiliar de limpeza Cristiane Augusto de Oliveira é vizinha e cliente de Ernani. “Ele mora no mesmo prédio que eu, a gente acompanha a história dele desde sempre e tenho orgulho de vê-lo aqui trabalhando. Eu uso como exemplo para minha filha de que as pessoas são capazes, que não devemos subestimar a força de alguém”, disse a mãe da Heloísa, de 6 anos.
A gerência da loja conta que, como Ernani tem dificuldade com letras e números, desenvolve serviços físicos com mais facilidade. Ainda segundo a gerência, Ernani é um funcionário exemplar: nunca chegou atrasado e nunca precisou ser chamado atenção por ter se esquecido de algo.
Preparação
O desempenho de Ernani só foi possível porque ele passou por atendimento na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Mogi das Cruzes, onde aprendeu coisas básicas do dia a dia, como amarrar o tênis, se vestir sozinho, escovar os dentes, pentear os cabelos, pegar ônibus e coordenação motora.
“Parece pouco, mas só de aprender essas funções, que para nós são básicas, uma pessoa com Down consegue ter independência e ter uma vida normal. Algumas conseguem até morar sozinhas, cuidar das próprias contas. Outras não, chegam até um limite. O que é importante destacar é que estimular essa pessoa desde cedo faz a diferença para que ela se sinta segura de fazer as coisas que gosta de forma independente”, explicou a diretora escolar da Apae de Mogi das Cruzes, Ana Paula de Siqueira Nogaroto Kanaan.
“Eu aprendi a jogar bola, vôlei, e isso me ajuda a limpar a mesa hoje, porque aprendi a movimentar os braços. Eu também sei pegar ônibus, mas gosto muito de trabalhar aqui porque é perto de casa”, afirma Ernani, mostrando que não abre mão da qualidade de vida. No mês de fevereiro, ele ganhou o prêmio de funcionário do mês.
(Publicado em: G1, por Jamile Santana, 21.03.2017)

Fonte: Portal Brasil, 22.03.2017

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