Grandes empresas estão ampliando políticas de folgas e licenças para seus executivos. O objetivo é aumentar o engajamento, a produtividade e a satisfação do quadro no ambiente de trabalho. Há opções de expediente 100% remoto – no modelo home office -, controle de entrada e saída para alimentar bancos de horas, além de semanas mais curtas e licenças-maternidade estendidas.
Pesquisa realizada este ano pela consultoria de recursos humanos Talenses com 1,1 mil companhias indica que os horários flexíveis nos escritórios são a segunda principal forma de motivação profissional, adotada por 46% das corporações no Brasil. “A medida perde apenas para pacotes de salários e benefícios, escolhidos por 48% dos entrevistados, e está na frente de possibilidade de promoção (40%)”, explica o diretor Luiz Valente.
Na consultoria EY, com 5,3 mil funcionários no país, uma política de flexibilidade foi implementada há seis anos, com opções como trabalho remoto e jornada reduzida, explica Elisa Carra, diretora de recursos humanos para o Brasil e América do Sul. Há, ainda, a “semana comprimida”, em que os profissionais cumprem a carga integral, mas compactada em um período inferior a cinco dias. “Nesse caso, não há mudança de remuneração ou benefícios.”
Para Elisa, as ações oferecem mais liberdade para o cumprimento de metas, independentemente do lugar ou do horário para a realização das atividades. Todos os profissionais da EY, mediante acordo com o gestor imediato, têm direito às facilidades. “Obter um equilíbrio entre vida pessoal e profissional é fundamental para a atração e retenção de talentos.”
Em certas situações, a necessidade pode ser de longo prazo, como cuidar de um parente doente ou concluir uma pós-graduação. A empresa também montou um programa para gestantes, com uma cartilha sobre a licença-maternidade. “Adotamos a folga de seis meses para todas as profissionais. Após o retorno, a mãe pode optar pela redução de jornada ou trabalho remoto.”
Na Dell, multinacional do setor de tecnologia com 3,6 mil colaboradores no Brasil, o executivo João Bortone, diretor de soluções empresariais para a América Latina, trabalha de forma remota desde que foi admitido, há cinco anos. “Montei um escritório em casa, com a ajuda da direção, o que também motivou a decisão de entrar na companhia”, diz ele, que recebe uma ajuda de custos para a manutenção da infraestrutura. “Como viajo muito a negócios, esse suporte é fundamental para uma melhor rotina profissional e pessoal.”
Bortone diz que, cumprindo o expediente em casa, ganha até duas horas e meia a mais, que seriam gastas no trânsito, para concluir tarefas do dia a dia. “Como sou organizado, consigo manter a produtividade como se estivesse no escritório.” Para ele, quem opta pelo home office deve ter disciplina para evitar distrações que atrapalhem os resultados ou extrapolem os cronogramas de trabalho.
Segundo Fernanda Kessler, líder de RH da Dell Brasil, a companhia criou em 2011 um programa batizado de Connected Workplace, para estimular novas formas de atuação. Ele inclui expediente remoto, em que os colaboradores ficam 100% do tempo fora do escritório, e o móvel, quando o funcionário deixa de ter um posto fixo, com turnos em casa e na empresa. Há ainda a opção de variar os horários de entrada e saída. Atualmente, 85% dos empregados no Brasil têm algum tipo de flexibilidade de tempo e local de trabalho.
Um estudo encomendado pela Dell e Intel com cinco mil profissionais de pequenas, médias e grandes empresas de 12 países, incluindo o Brasil, aponta que, entre os 56% de brasileiros que já trabalharam em algum momento de casa, 52% afirmam que a prática permite mais horas com a família, 49% informam que há redução de estresse e 33% consideram que dormem melhor, comparado às pessoas que atuam no ambiente corporativo. O que determina a produtividade de um executivo não é o tempo que ele permanece no escritório, mas a qualidade final do trabalho em relação ao tempo usado para cumpri-lo, diz Fernanda.
No início deste ano, a Whirlpool Latin America, dona das marcas Brastemp, Consul e KitchenAid, disparou um projeto piloto para embasar práticas de home office. “Os resultados estão sendo analisados e a previsão é que a iniciativa seja lançada em 2016″, explica Andréa Clemente, diretora de recursos humanos.
A companhia já oferece a licença maternidade estendida, de seis meses mais um de férias, desde 2010. Há dois anos, permite que o colaborador controle o ponto de entrada e saída. “Quando há crédito de horas, é possível aproveitá-lo para períodos de descanso.”
Fonte: Valor Econômico, por Jacilio Saraiva, 07.12.2015
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