quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Mercado de trabalho aponta retomada lenta.

Os indicadores do mercado de trabalho e medidas que devem ser divulgadas nos próximos dias pelo governo demonstram que o cenário econômico está frustrando tanto os empresários quanto os consumidores.
O Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp) da Fundação Getulio Vargas (FGV), divulgado ontem, subiu 0,2 ponto em novembro, atingindo 93,1 pontos, após uma queda de 0,8 ponto, em outubro. Na métrica de média móveis trimestrais, o resultado apresentou alta de 0,9 ponto, sinalizando que ainda há expectativa de que as taxas de crescimento do emprego se tornem menos negativas nos próximos meses.
Contudo, o Indicador Coincidente de Desemprego (ICD) subiu 3,8 pontos em novembro, para 103 pontos. Já esse dado revela continuidade da fase de piora do mercado de trabalho no mês.
“Os dados de novembro mostram que o otimismo acerca da atividade econômica e, por conseguinte, com as contratações ao longo dos próximos meses parou de crescer. Ou seja, a difícil situação atual dos negócios reduz o otimismo de uma recuperação mais rápida, como previamente esperada. Ao mesmo tempo, os consumidores sinalizam que a situação difícil do mercado de trabalho deve se prorrogar ao longo do próximo ano. A leitura conjunta dos indicadores parece indicar uma recuperação mais lenta do mercado de trabalho do que previamente esperada”, afirma Fernando de Holanda Barbosa Filho, economista da FGV/Ibre, em nota.
O ICD é construído a partir dos dados desagregados, em quatro classes de renda familiar, da pergunta da Sondagem do Consumidor que procura captar a percepção sobre a situação presente do mercado de trabalho. Já o IAEmp é formado por uma combinação de séries extraídas das Sondagens da Indústria, de Serviços e do Consumidor, todas apuradas pela FGV. O objetivo é antecipar os rumos do mercado de trabalho no País.
Medidas
Conforme última divulgação da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a crise gerou 5,5 milhões de desempregados, sendo que entre julho e outubro de 2016 foram perdidos 604 mil postos, justamente em um período que ocorrem contratações para as festas de final de ano.
“Essa perda de quase 600 mil postos de trabalho em um final de ano é o quadro mais alarmante da Pnad Contínua. O desenho sazonal apontava para outra direção”, avaliou Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, na semana passada, ao anunciar o resultado.
Com essa percepção negativa do emprego no País, ao mesmo tempo que se espera uma retomada mais lenta da economia, o ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, anunciou ontem ajustes no Programa de Proteção ao Emprego (PPE), iniciativa lançada durante a gestão da ex-presidente Dilma Rousseff para flexibilizar as jornadas de trabalho e os salários dos trabalhadores em período de retração da economia brasileira, evitando o corte de vagas.
Segundo Nogueira, a iniciativa passará a se chamar Programa de Sustentação ao Emprego (PSE), será uma política permanente e terá redução dos custos. “O programa passará a ser política pública de proteção ao emprego, um programa de Estado”, afirmou, durante evento em São Paulo. “O PSE servirá não apenas para proteger o emprego do trabalhador em época de crise, mas também o fará a um custo 25% menor do que o seguro desemprego tradicional”, disse.
Ainda segundo Nogueira, em breve a pasta enviará ao Congresso uma proposta de reforma da legislação trabalhista com o objetivo de consolidar direitos e aumentar a segurança jurídica.
“As reformas estruturais não param. O cronograma continua sendo seguido à risca”, afirmou Nogueira. “Por determinação expressa do presidente Michel Temer, não descansaremos até esse projeto ser aprovado nas duas casas.”

Fonte: Diário Comércio Indústria & Serviços, 06.12.2016

Nenhum comentário:

Postar um comentário